Um colapso de cavernas subterrâneas têm provocado o afundamento do solo da cidade de Maceió, capital do Alagoas. Bairros inteiros foram condenados, e cerca de 55 mil pessoas já precisaram ser removidas emergencialmente. As informações são do portal Metrópoles.
De acordo com o Serviço Geológico Brasileiro, as causas do fenômeno são as minas da petroquímica Braskem, empresa que explorava o subsolo da área urbana para retirar de sal-gema das rochas a cerca de mil metros da superfície. O produto é conhecido comercialmente como “sal rosa do Himalaia”.
Sócia da Odebrecht e da Petrobras, a Braskem não admite oficialmente ser responsável pelo fenômeno, mas concordou na Justiça em pagar mais de R$ 12 bilhões em compensações. O valor inclui indenizações a moradores e comerciantes, e ações de realocação de escolas e hospitais.
Ainda assim, o valor não cobre todos os danos. Segundo levantamentos do Gabinete de Gestão Integrada para a Adoção de Medidas de Enfrentamento aos Impactos do Afundamento dos Bairros (GGI dos Bairros), da Prefeitura de Maceió, o prejuízo causado pelas minas chega a quase R$ 20 bilhões. Há ainda muita insatisfação entre os milhares de atingidos, e alguns deles se recusam a deixar suas casas.
BAIRROS AFETADOS As mudanças no solo são monitoradas por sismógrafos e equipamentos instalados em inúmeros pontos da capital. De acordo com a Defesa Civil, há risco de desabamentos. Os bairros mais afetados se localizam aos arredores da Lagoa Mundaú. Inicialmente, foram removidos os moradores de Mutange.
Os bairros Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e parte do Farol estão entre os que foram incluídos pela prefeitura na área de risco. O Flexal de Cima e de Baixo também são considerados afetados, por terem ficado parcialmente isolados, sem acesso à comércio ou serviços públicos. O problema ameaça ainda bairros vizinhos.
Ao todo, são 14.319 imóveis na área de remoção, com 57 mil pessoas prejudicadas. Mais 1.893 imóveis estão pendentes de desocupação. Nas proximidades das minas, há risco de o solo afundar crateras, e algumas delas já estão dentro da lagoa.
O QUE DIZ A BRASKEM Em nota enviada ao Metrópoles, a Braskem afirma que vem cumprindo “rigorosamente as ações previstas no acordo assinado, em janeiro de 2020”, e que mais de 4 mil indenizações foram pagas. A empresa diz que trabalha em ações de preenchimento com areia ou fechamento convencional com pressurização dos 35 poços de sal.
A Braskem ressalta ainda que assinou em 2020 um acordo de reparação socioambiental e urbanística nos bairros afetados, e que vem “contribuindo com o poder público na compreensão do fenômeno geológico em Maceió”.