Eleita em outubro com 89 mil votos e alvo de ofensas racistas após o pleito, a atual prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriota), agora tem conquistado grande repercussão no meio político por outro motivo. A gestora municipal decidiu desafiar o decreto do governador João Doria (PSDB) que obrigava o aumento de restrições contra o comércio e saiu em defesa do setor com medidas para tentar reabrir a economia local. Apesar de ter sido derrotada na Justiça paulista, Suéllen ganhou a atenção e elogio dos conservadores por sua coragem.
A proposta de Suéllen, mais flexível que a de João Doria, era intitulada “quarentena consciente”, cuja intenção era manter, por exemplo, o comércio aberto de segunda a sábado com 30% da capacidade até 20h. Em uma entrevista concedida ao site Metrópoles, ela disse acreditar que o lockdown não seria decisão correta a ser tomada no momento.
– Eu não acredito que a melhor saída para o momento seja o lockdown. Eu estou tentando justamente atingir um equilíbrio. O que é essencial para mim não é essencial para você. Para um pai ou mãe de família que tem que sustentar a casa, o alimento é essencial. Não vou ser eu que vou ditar o que é essencial ou não dentro das necessidades de cada indivíduo – declarou ela.
A prefeita de Bauru também reivindica melhorias na saúde pública, como a abertura definitiva do HC Bauru, que hoje funciona como hospital de campanha. Atualmente, a cidade tem três hospitais, todos geridos pelo governo estadual. A administração municipal calcula cerca de 50 leitos de UTI para Covid-19, dos quais 90% estão ocupados.
– Eu não sou negacionista, sou realista. Jamais neguei a situação. Temos um problema agravado no município [a pandemia] e, com isso, vamos ter outros problemas. Tudo cai no que é público. Quem não tem condições de pagar um plano de saúde vai usufruir da saúde pública. Sempre tivemos problemas com vagas e internação. Que o governo do estado comece a investir em Bauru à altura – pediu Suéllen.
Em coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira (1°), Doria disparou ataques contra Suéllen e lançou mão de termos similares aos que ele usou para classificar o jornalista conservador Rodrigo Constantino na terça-feira (2). O governador chamou a prefeita de “negacionista” e a acusou de “fazer vassalagem para o presidente Jair Bolsonaro”.
Questionada, ela respondeu que se identifica com o atual presidente, mas que a relação com o gestor federal é em busca do melhor para seu município. Jornalista, ela diz que respeita o presidente da República por considerá-lo uma pessoa “autêntica”. Para ela, o governo federal tem atuado de maneira similar a ela, em busca de harmonizar saúde e economia.
– Apoio o governo federal e o estadual, desde que me dê a chance de apoiar o que tem a ver com meu município, você entendeu? Isso não é ficar em cima do muro. Muito pelo contrário. É tratar não com politicagem, mas com a verdade do que tem que ser. Eu me considero alguém que torce pelo Brasil. Qualquer um que estivesse lá [no Palácio do Planalto] teria meu apoio – destaca a prefeita.